O fenômeno da mundialização agita também este tema, porque as populações migrantes, chegando “sem papeis”, não entram, porém “ Sem Deus”: carregam consigo o Deus de suas vidas, das vidas dos antepassados. O problema está em saber em que Deus falamos, saber também, evidentemente, o que entendemos por religião e como pensamos, deveria ser uma religião verdadeiramente libertada e libertadora.
Segundo alguns, Deus é o silencio do universo e o ser humano é o grito que dá sentido a esse silencio. (J. Saramago Prêmio Nobel de Literatura). Segundo outros, o contrário da fé em Deus não é a dúvida, mas o medo (medo de Deus, com frequência).
Um esquema limitado nos aponta três aspectos para classificar as características fundamentais da religião, segundo culturas e épocas.
- As religiões afro indígenas seriam religiões da natureza. Hoje, evidentemente, essa Natureza seria vista e venerada ecologicamente.
- As religiões orientais seriam as religiões da interioridade, contemplativas, gratuitas inclusive.
- As religiões judeu-cristãs seriam as religiões da História, do Amor-Justiça, da profecia, da política.
Logicamente todas as religiões seriam a busca por Deus, a acolhida de Deus, a espera por Deus. De um Deus que está sempre a nossa busca, acolhendo-nos, e revelando-se cada dia em qualquer ângulo da geografia e história humanas. Nenhuma religião tem a exclusividade desse Deus de todos os nomes que perdoa e salva porque é AMOR.
De que Deus falamos? Com que Deus sonhamos? Tereza de Ávila tem um poema conhecido mundialmente: Nada te perturbe, Nada te espante/Tudo passa/ Deus não muda/A persistência tudo alcança/ Quem a Deus tem nada lhe falta/Só Deus basta.
Com respeito, nos acrescentamos: Teresa, só Deus basta/ mas sempre que seja aquele Deus/ que ele é, e todos e tudo/ em comunhão amorosa.
(Livre redução de um texto de Pedro Casaldáliga feita por Luciano Bernardi)