Gelson Neves, atingido na barriga, está em estado grave e sendo operado. Outras duas vítimas estão com balas alojadas nos corpos.
Por Paulo Oliveira, do Meus Sertões, e Thomas Bauer, do H3000/CPT-BA
Pistoleiros que aterrorizam comunidades tradicionais de Correntina, no Oeste baiano, abriram fogo nesta terça-feira (11) contra um grupo que fazia mutirão no Fecho de Pasto do Cupim. Três pessoas foram feridas, uma delas em estado grave.
Os atingidos são Gelson Neves, 58 anos, alvejado na barriga; Alexandro de Jesus Matos, 43 anos, ferido no braço e na costela; e Vivaldo José dos Santos, 68 anos, baleado na clavícula. Médicos de Correntina tinham decidido transferir Gelson para o Hospital de Barreiras, mas, como ele perdeu muito sangue e corria risco de morte, resolveram fazer a cirurgia urgentemente. Vivaldo e Alexandro também serão operados para retirar as balas alojadas em seus corpos.
Desde setembro do ano passado grileiros e jagunços, a serviço de latifundiários, intensificaram o número de atentados e ameaças na região. O aumento da violência estava relacionado com a iminente derrota de Jair Bolsonaro, candidato à reeleição na eleição presidencial.
Os criminosos tinham a intenção de expulsar os integrantes das comunidades de fecho de pasto e tomar as terras nativas preservadas há mais de um século pelos posseiros, que as utilizam como área comum para pequenos rebanhos nos períodos de estiagem. Os bandidos queriam que suas ações fossem fatos consumados antes da posse do presidente Lula.
A sequência de crimes fez a Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, que reúne 56 movimentos, organizações e redes sociais, encaminhar um requerimento pedindo providências urgentes ao então governador Rui Costa (PT-BA) e a oito outras autoridades para que não ocorra uma tragédia na região. Nem Rui, nem o atual governante, Jerônimo Rodrigues, tomaram providências efetivas para prender os pistoleiros e mandantes e reduzir os crimes.
No dia 22 de janeiro deste ano, os capangas destruíram com um trator de esteira a ponte de acesso ao fundo de pasto do Cupim e o rancho, utilizado como abrigo pelos trabalhadores. Os fecheiros decidiram reconstruir o local nesta terça-feira (11). Antes, porém, o vereador Ebraim Silva Moreira, solicitou à PM proteção para os pequenos criadores e lavradores. O pedido foi ignorado.
Hoje, por volta do meio-dia, quando o grupo voltava para casa após o mutirão de reconstrução da ponte e do rancho, os pistoleiros atacaram. O caso foi registrado na delegacia local.