Integrantes de comunidades tradicionais, movimentos e entidades sociais, organizações da sociedade civil e do poder público participaram, nos dias 14 e 15 de junho, no Centro Diocesano em Senhor do Bonfim (BA), do Seminário em Defesa das Serras da Jacobina. Com o tema “Criação de uma Unidade de Conservação”, os participantes discutiram e planejaram ações para fortalecer a luta em defesa das Serras da Jacobina, considerada a caixa d’água do Rio Itapicuru.
O objetivo do seminário era apresentar a comunidade regional e ao poder público municipal uma proposta de criação de uma Área de Proteção Ambiental (APA), nas nascentes dos Rios Itapicuru, Itapicuru-Açu e Itapicuru Mirin. A criação desta unidade de conservação, é uma ideia que vem sendo discutida por diversas entidades, organizações e poder público municipal da região há algum tempo e até então o processo não tem avançado muito.
São vários interesses em jogo ao pensar em efetivar uma ação como esta onde envolve uma diversidade de interesses sob esses recursos naturais existentes nestas Serras. Esta seria também uma alternativa de ordenar atividades econômicas que estão concentradas no entorno das serras, como também endossar ações coletivas de gerenciamento ambiental e contenção de práticas predatórias nas áreas de nascentes.
O Rio Itapicuru abastece mais de 500 mil dos 1,3 milhão de habitantes da bacia hidrográfica, que está localizada no Piemonte Norte do Itapicuru. É uma região rica com centenas de nascentes, cachoeiras, grutas, fauna e flora o que diferencia das demais regiões do seu entorno, que mesmo estando em uma região do semiárido ela tem esse diferencial, essa riqueza natural em sua diversidade.
O professor Gustavo Hess de Negreiros do Colegiado de Geografia, da Universidade do Vale do São Francisco – UNIVASF, trouxe a reflexão da importância de criar esse mecanismo de defesa da Serra, frente a esses projetos que tem chegado e se apropriado dessas áreas já mapeadas para pesquisa e exploração dos recursos naturais.
Já Antonio Celio de Castro, da Comissão Pastoral da Terra – CPT Bahia/ equipe de Senhor do Bonfim, apresentou a preocupação com relação aos conflitos por água em toda região onde tem a presença efetiva da exploração mineral. “Os conflitos por terra e água é frequente na região, são recursos primordiais para a permanência das comunidades no campo, porém estão cada vez mais concentrados e com a chegada dessas empresas as comunidades estão ficando encurraladas e sendo expulsas do seu território. É uma diversidade de conflitos que as comunidades têm enfrentado na região desde a Mineração/Eólica/irrigação/pecuária”, disse.
Diante desse cenário, ficou encaminhado a necessidade da criação dessa Unidade de Conservação da Serra da Jacobina, e como estratégia de fortalecimento dessa luta foi feito um abaixo assinado reforçando esse pedido aos órgãos competentes. Grupos de trabalho (GT) específicos também foram formados para fazer o trabalho de motivação e mobilização da massa. Todos/as os/as participantes assumiram o compromisso de contribuir com ações para alavancar a campanha em Defesa das Serras da Jacobina que deverá ser lançada no dia 16 de setembro de 2018, na 39ª Missão da Terra na cidade de Capim Grosso (BA).
Texto: Amanda Santos/ CPT Bahia – Equipe de Senhor do Bonfim (BA)
Fotos: CPT Bahia – Equipe de Senhor do Bonfim (BA)