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CPT BAHIA

Supressão vegetal do Porto Sul leva animais a se refugiarem na Juerana; morador faleceu por picada de cobra

As obras do Porto Sul vêm desmatando de forma alarmante as áreas de Mata Atlântica da zona norte de Ilhéus (BA). O processo de supressão vegetal segue avançando, desarmonizando o ecossistema da região. Uma das consequências dessa devastação ambiental é a destruição do habitat natural de diversos animais silvestres, que desabrigados, estão invadindo as comunidades no entorno da obra em busca de refúgio.

Esse panorama já tem consequências fatais. Na última sexta-feira, 1º de julho, Ednaldo Tavares, de 61 anos, morador da Vila Juerana, foi picado por uma cobra, vindo a óbito quatro dias depois. Os moradores relatam que tem sido cada vez mais frequente a entrada de animais silvestres em seus lares, inclusive os peçonhentos. Também têm sido avistados outras espécies, como raposas, tatus, tamanduás, saruês, bichos-preguiça, ouriços, tucanos, pica-paus, pacas, capivaras, caititus, quatis, macacos grandes e micos, trazendo riscos para a população e para os próprios animais.

A responsabilidade de acompanhamento dessas ocorrências é da empresa Bahia Mineração (Bamin), que avança em ritmo acelerado com as obras do Porto Sul. No entanto, a Bamin encerrou o contrato com a Hydros, terceirizada que era responsável por esse acompanhamento. Enquanto isso, a equipe de consultoria ambiental da obra está reduzida, fazendo com que a quantidade de funcionários que trabalhem na tarefa de monitorar os animais seja insuficiente diante do avanço da supressão vegetal. O descaso com a preservação e o manejo da fauna só escancara ainda mais o caráter destrutivo da mineração.

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