Diosvaldo Filho – Comunicação da Comissão Pastoral da Terra – BA
Entre os dias 16 e 17 de julho, as cidades de Barro Alto, Ibipeba e Irecê foram palco do “Intercâmbio das Camponesas e Camponeses”, promovido pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) Centro-Oeste da Bahia. Este evento reuniu participantes das dioceses de Barra, Bom Jesus da Lapa e Irecê, proporcionando uma rica experiência de aprendizado sobre agroecologia e agricultura familiar.
Durante o intercâmbio, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer a realidade dos/as trabalhadores/as rurais da região e tirar dúvidas referentes a esta prática agrícola ancestral. O evento contou com diversas atividades e momentos de troca de conhecimento, fortalecendo os saberes sustentáveis e o trabalho comunitário na região.
As atividades tiveram início na manhã da terça-feira, 16, nas cidades de Barro Alto e Ibipeba. Os participantes se imergiram nas unidades produtivas de Paula Ferreira e Mateus Ferreira, Antônio Aloísio, e na área de recatingamento agroflorestal do Sr. Eudes Alves de Souza. Estas visitas permitiram uma observação detalhada das práticas agroecológicas em ação, fornecendo exemplos concretos de sustentabilidade no campo.
Durante as discussões e avaliação do intercâmbio, tivemos a oportunidade de ouvir as camponesas e camponeses presentes. Maria da Paixão, da comunidade tradicional de Fundo de Pasto Muquém, em Itaguaçu da Bahia, relata que volta pra casa com um aprendizado grandioso. “Tudo que ouvi são exemplos para continuar resistindo em nosso território”. Já Lurdes, da comunidade tradicional de Fundo e Fecho de Pasto Porteira de Santa Cruz, em Serra Dourada, nos conta que vai multiplicar tudo o que viu. “Experiência incrível, maravilhosa. Irei fazer uma reunião para explicar o que vi aqui. Tudo muito importante”, relata.
No segundo dia, 17, o intercâmbio se concentrou na região de Irecê, onde os participantes tiveram a oportunidade de ouvir experiências de sucesso na agroecologia local. Neste dia, Evanei Martins e Fabiano Novaes do Núcleo Raízes do Sertão compartilharam uma gama de informações importantíssimas para o processo agroecológico. Além disso, este momento foi especialmente enriquecedor, pois permitiu que os camponeses e camponesas compartilhassem suas histórias, tirassem dúvidas e discutissem desafios e soluções em suas práticas agrícolas. A troca de saberes proporcionou um espaço de aprendizado mútuo, fortalecendo a comunidade e inspirando novas iniciativas.
Importante mencionar também a participação da professora do curso de Agroecologia da UNEB-Irecê, Dorath Sodré. Durante a sua fala, a professora relatou sobre a luta enfrentada para levar o curso para o território e compartilhou com os participantes os desafios e conquistas da universidade.
O protagonismo da mulher camponesa nos movimentos da agroecologia
Um aspecto essencial destacado durante o intercâmbio foi o papel crucial das mulheres no movimento agroecológico. Paula Ferreira, uma das anfitriãs do intercâmbio, enfatizou a importância da participação feminina:
“Não se faz agroecologia sem as mulheres. A mão das mulheres dentro do processo de produção agroecológica é a mão que pesa mais, é a mão da diferença. O ser mulher, o ser mãe, o cuidar das coisas que as mulheres cuidam, é totalmente diferente. Então, nós nos assemelhamos muito com o processo agroecológico, que é da diversidade, que é dessa relação harmônica com a natureza. A nossa importância nesse processo é ampliar cada vez mais. Que mais mulheres e homens sejam agroecológicos e façam essa diferença onde quer que estejam”.
Compromisso da CPT com as Camponesas e Camponeses
O Intercâmbio das Camponesas e Camponeses se mostrou um evento crucial para o fortalecimento da agricultura familiar e das práticas agroecológicas na região. Através da troca de conhecimentos e da vivência prática, os participantes saíram mais preparados e motivados para aplicar e disseminar as técnicas aprendidas em suas próprias comunidades.
A CPT Centro-Oeste da Bahia continua seu compromisso em promover eventos que incentivem o desenvolvimento sustentável e o fortalecimento das comunidades rurais, reconhecendo a importância da agricultura familiar e das práticas agroecológicas para a construção de um futuro mais justo e sustentável.