O livro de Jó pergunta,
onde está a Sabedoria?
Na mineração que mata?
Ou na vida em harmonia?
Qual a riqueza da terra?
Não é a mineração.
São as águas que movem a vida,
É a terra que gera o pão.
São os povos que vivem e lutam
Resistem no dia-a-dia
Com seus jeitos de existir,
Com suas economias.
Até na Bíblia se fala,
do mal da mineração
Quem a impõe aos territórios
Ao povo renega o pão
São racistas miseráveis
Gananciosos malditos
Que invadem os territórios
Gerando vários conflitos
Pra eles a natureza é recurso
Que precisa ser explorado
Seus projetos são movidos
Só por valor de mercado
Chegam aos territórios,
Concebe-os como vazios
O povo que vive alí
Pra eles nunca existiu.
A lógica é sempre a mesma,
Do racismo ambiental
Retiram a riqueza da Terra
Exploraram tudo ao final
E enquanto seus lucros crescem
Pro povo tudo vai mal…
Esse projeto pensado
Pra toda a América Latina
Se pauta no genocídio
da nossa gente aguerrida
Que não se rende aos poderosos
Que enfrenta bravamente
esses projetos de morte
Impostos à nossa gente.
Negros, indígenas,
camponeses em geral
São quem produz a vida
E mesmo com pouca terra,
Não deixa faltar comida.
Tratados como empecilho
Pra tal desenvolvimento
Protegem os ecossistemas
Lutam contra o sofrimento,
Lutam pra garantir direitos,
Defender a ecologia
Não perder seus territórios
nem suas economias,
que geram trabalho e renda,
garantem autonomia.
Defendem seus territórios,
Não se rendem a fantasia,
De um progresso pra poucos
E pra muitos agonia.
De quem é o minério?
Quem é a União?
O minério é do povo,
Do povo deve ser a decisão
Poder dizer sim à vida,
Não À MINRAÇÃO.
Mas nesta guerra travada,
contra a nação brasileira
ao povo nega-se o direito
e a vida vira trincheira
há sempre quem sofre mais,
e quem enfrenta as barreiras.
Dentre aqueles explorados
São os corpos das mulheres,
Os primeiros violentados.
Sofrem o seu sofrimento,
sentem as dores da Terra,
Da natureza destruída,
no dia- a- dia de guerra
Sofrem a morte das águas,
Das suas fontes de vida
Sofrem o choro dos filhos,
De suas filhas feridas,
sofrem ao perceber,
os seus lugares cercados,
Sofrem com as doenças,
com as tarefas de cuidado,
Sofrem todo sofrimento
que é invisibilizado
Assim como suas lutas,
travadas no dia a dia
uma luta fundamental,
É pela cidadania.
A pergunta é importante,
Onde está a sabedoria?
Com agroecologia se faz a revolução
Com as mulheres na frente
Puxando esse cordão
Por territórios autônomos
Livres de mineração.
Por: Maria Aparecida de Jesus Silva – Agente da Comissão Pastoral da Terra Centro Norte, Diocese de Bonfim-Bahia