O 20 de novembro foi celebrado na sua diversidade em várias partes do nosso território enquanto memória de luta e resistência negra.
CPT Sul-Sudoeste
Na comunidade de Lagoinha da Cobra o dia foi celebrado com o XIV Encontro das Comunidades Quilombolas de Caetité e região, atividade que reuniu centenas de famílias das 14 comunidades quilombolas do município, organizações populares e o poder público.
O encontro foi construído com muitas exposições culturais do povo quilombola, como grupos de reisados, capoeira, dança de roda, teatro, e outras manifestações culturais históricas enquanto expressão da resistência das comunidades.
O espaço trouxe também reflexões sobre a necessidade do compromisso efetivo com as comunidades quilombolas. Alfredo Baleeiro, membro da Cáritas Regional Nordeste 3 e Cáritas Diocesana, destacou a necessidade de efetivação de políticas públicas para as comunidades: “As comunidades vivem uma carência de políticas públicas, envolvendo educação apropriada às comunidades quilombolas, muitas debilidades quanto a disposição de saúde pública de qualidade e acessível a população quilombola, e principalmente a inexistência até hoje da regularização fundiária nas comunidades e pouca incidência do poder público local para garantir avanços e atendimento de uma demanda histórica”.
A respeito da política fundiária, a própria comunidade de Lagoinha da Cobra, sede do encontro, vem passando por sérios assédios no seu território, que ainda não possui titulação e é especulado pelos empreendimentos minerários, eólicos e solares. O prefeito Valter Aguiar se comprometeu em fazer uma reunião com a comunidade e com o Conselho Quilombola do município para dialogar sobre os problemas e buscar soluções cabíveis.
Cleonice Silva, presidente da Associação de Lagoinha do Mato, estava muito contente com o encontro e agradeceu a todos pela presença e contribuição: “Todos sabem a dificuldade de ter que organizar um encontro como este, chego ao final bastante cansada, mas feliz pela presença de vocês e a todos os parceiros que contribuíram com a nossa festa”.
Aneli Rodrigues (Lira), liderança do Movimento de Mulheres Camponesas de Caetité, destacou a importância do encontro para as comunidades no dia da consciência negra: “Nós que construímos o décimo quarto encontro, chegamos num momento muito importante, pois no início a gente acreditava, mas não com a convicção que temos hoje, que o trabalho vale a pena, pois estamos tratando de gente, cidadãos e cidadãs, desde a criança aos mais velhos, preservando e valorizando.”
No final do encontro, as comunidades celebraram e se despediram ao som de um forrozão que animou os presentes para as lutas diárias e para a construção do próximo encontro em novembro de 2024.