cropped-logo-cpt-1.png
Acesse o Caderno de Conflitos no Campo Brasil 2023

CPT BAHIA

35ª Missão da Terra acontece no dia 28 de setembro, em Saúde

No dia 28 de setembro, será realizada a 35ª Missão da Terra na paróquia Nossa Senhora da Saúde, no município de Saúde (BA), a partir das 8h30. O evento, que tem como tema “Preservação ambiental e direitos humanos: cuidado com a exploração!” será iniciado com uma acolhida na paróquia e depois os participantes seguirão em caminhada pelo município.

Serão feitas três paradas durante o percurso, uma em frente ao Rio da Mangueira, onde será discutida a Preservação Ambiental, a segunda frente ao fórum Raimundo Vilela para discutir Direitos Humanos e Trabalho Degradante e a terceira parada será em frente à Igreja Nossa Senhora da Saúde, onde os movimentos populares colocarão em ação de graças suas conquistas, sinais de libertação.cartaz Missao Terra 2014

Programação:

8h – Concentração dos romeiros(as) na BA 131, ao lado do Posto Mariquita
8h30 – Acolhida da Paróquia de Nossa Senhora da Saúde / Introdução da Missão da Terra – CPT
9h – Caminhada

1ª parada: Preservação ambiental.
Responsável: Grupo de teatro da Paróquia de Saúde
Local: Rio da Mangueira, BA 131

2ª Parada: Direitos humanos/trabalho escravo
Responsável: PJMP da Paróquia São Gonçalo do Amarante/Caém
Local: Forum Raimundo Vilela

3ª Parada: Sinais de libertação
Responsável: Escola Família Agrícola de Quixabeira e projeto conviver de Saúde
Local: Igreja Nossa Senhora da Saúde

12h – Partilha da farofa
13h – Espaço Cultural e pronunciamento de entidades
13h às 15h30 – Confissões na Igreja
15h30 – Celebração Eucarística e envio dos romeiros e romeiras
Local: Praça Albino Pereira
Envio dos romeiros(as)

Ouça o Spot da 35ª Missão da Terra:

 

 

Trinta e cinco anos de missão da terra na diocese de Bonfim

fotos missão da terra andorinha 235
34ª Missão da Terra

Neste ano completam-se 35 anos de Missão da Terra na Diocese de Bonfim. A Missão da Terra foi formada, na sua maioria, por camponeses e camponesas humildes e despossuídos que foram aos pés da Santa Cruz, símbolo de fé, na paróquia Sagrado Coração de Jesus, de Monte no dia 31 de outubro e 1 de novembro de 1979 pedir forças a veneradas Santa Cruz para enfrentar os grileiros daquela época como também prestar solidariedade aos camponeses da comunidade do Pimentel e Desterro que estavam sendo perseguidos por fazendeiros e poder público daquele município.

A partir daquele memorável, a cada ano se efetua uma nova ramaria em lugares diferentes no âmbito da diocese. Com o passar do tempo essas caminhadas e concentrações foram crescendo em número e entusiasmo, com muito sacrifício. Basta lembrar ano passado em Andorinha onde se especulam que mais 8 mil pessoas estiveram presentes.O objetivo principal deste evento de massa, puxada pela Comissão Pastoral da Terra – CPT consistiu e, ainda consiste em esclarecer a população a respeito de todos os problemas de terra, água, ambiental, sobretudo os relacionados com a questão agrária, no Brasil teve a sua descoberta há 500 anos passados, quando os portugueses chegaram aqui perseguindo, tomando a terra e explorando a nossa riqueza.

Durante todo esse tempo várias vozes se levantaram para que houvesse uma justa distribuição de terra, água, principalmente para os camponeses(as). Isso não aconteceu ainda de modo satisfatório. Pelo contrário, a questão da terra vai se tornando cada vez mais conflitava com a perda de vidas, com a falta de paz no campo, com grande prejuízo econômico para as famílias e falta de prioridade dos governos Federal e Estadual.

Evidentemente, essa incômoda situação não poderia e nem pode continuar principalmente num país de imensas terras improdutivas e exploradas por empresas mineradoras e do agronegócio. A CPT quis, então, dar a sua contribuição para que os camponeses mais desamparados pudessem possuir a sua água, seu pedaço de chão para residir e trabalhar.

Através da Comissão Pastoral da Terra, fundada em 1979, como apoio de Dom Jairo Rui Matos da Silva, bispo da época, começou a fomentar uma serie de atividade, entre as quais a realização de uma romaria que recebeu o nome de “Missão da Terra”.

fotos missão da terra andorinha 239
34ª Missão da Terra

A participação dessa luta em favor dos pobres camponeses é uma consequência da razão, da fé e do sentimento de humildade. Em tempos passados a Igreja Católica já havia chamado e agora timidamente a nossa atenção para esse grave problema da posse e uso da terra. Para que tivéssemos presentes através de uma ação eficaz. Apenas para ficarmos com os pronunciamentos dos últimos anos, lembremos a Constituição “Alegria e Esperança”, do Concilio Vaticano II (1962-1965), que adverte que todas as riquezas (latifundiários, mineração, agronegócio, por exemplo) devem ser usadas urgentemente para o bem da comunidade e para que o bem comum não seja posto em perigo.

Em Medellin (Colômbia), em 1968, os bispos latino-americanos afirmaram que não poderia haver uma promoção humana para as populações camponesas, ribeirinhas e indígenas sem “uma autentica e urgente reforma das estruturas e da política agrária” (1,14).

Se passarmos para as conclusões e Puebla (México 1979) encontraremos as seguintes afirmações entre outras: “Os bens e riquezas do mundo, segundo a vontade do criador, são para servir efetivamente à utilidade e ao proveito de todos e de cada um dos homens e dos povos”. (Puebla 492,4). Em o número de 1245 desse mesmo documento há reprovação severa do papa João Paulo II contra os que “mantém terras improdutivas que escondem o pão que falta a tantas famílias, a voz de Deus, a voz da Igreja “não é justo, não é humano, não é cristão continuar com certas situações claramente injustas”.

Por ocasião da 4ª Conferência do Episcopado Latino-Americano, em Santo Domingo (1992), reprovou a “visão mercantilista que considera a terra em relação exclusiva com exploração e o lucro, que provoca o desalojamento e a expulsão dos seus legítimos donos”, (Nº 172,b).

Foram através dos ensinamentos destes documentos e outros da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil CNBB, que a CPT repassou para todos, de modo especial para o homem e a mulher do campo, durante esses 35 anos. A semeadura foi certamente difícil e dolorosa, mas já se começa a recolher com o sorriso na face. Como a retomada dos Sindicatos da mão dos doutores, o reconhecimento do Fundo de Pasto e a emissão de milhares de títulos de terra, a consolidação do movimento dos Trabalhadores Acampados e Assentados – CETA, do Movimento dos Pequenos Agricultores, a criação da Central de Ocupantes do Semiárido Baiano e a Associação de Assistência Técnica dos Trabalhadores e Movimentos Populares – CACTUS do GEPIS – Grupo de Economia Popular Solidária entre outros.

Até hoje foram assentadas 2.166 famílias, em 25 assentamentos, distribuídos em 53.192 hectares de terra em 9 municípios da Diocese. E aproximadamente 100 famílias ainda lutam pela conquista da terra em 6 acampamentos. Some-se a isto a conquista da regularização de alguns dos territórios tradicionais das comunidades de fundo e fecho de pasto o que representa uma área total de 14.968 hectares, onde se estima que vivam cerca de 2.244 famílias.Foram muitos enfrentamentos, sofrimentos, lutas, infelizmente com assassinatos de 8 trabalhadores (as). Hoje quantos frutos os agricultores estão colhendo dessas vitórias.

Na convivência com o Semiárido, os trabalhadores organizados conseguiram água encanada para 300 famílias no município de Caém e Jacobina. Em todo o território da Diocese de Bonfim, foram conquistadas mais de dez mil cisternas para o consumo humano e centenas barreiros, cisterna de produção, quintais produtivos, barragens trincheiras, executadas pela CACTUS, Obras Sociais, COFASP, além de mais de 2000 poços artesianos, executada pela ARPA – Associação Regional Pró-Água.

Nesta oportunidade agradecemos os sacerdotes, religiosas, religiosos, leigos e leigas, em especial os nossos corajosos camponeses e camponesas que se empenharam até o risco de vida na promoção da dignidade dos mesmos. Desde modo, vai também o nosso agradecimento aos que nesses 35 anos compuseram e contribuíram pelo serviço da Comissão Pastoral da Terra.

Esperamos que estes 35 anos de caminhada nos dê força para ir adiante, continuar a nossa Missão; sair do próprio ambiente e juntar-se a outros e outras, buscando manter viva a fé, a mística, o sonho, a utopia e a esperança de um mundo mais justo e solidário.

Desde já, sintam-se convidados(as) a celebrar conosco no dia 28 de setembro de 2014 na paróquia Nossa Senhora da Saúde a 35ª Missão da Terra que este ano traz o tema: Preservação ambiental e direitos humanos: cuidado com a exploração! E o lema: Ouvi o clamor do meu povo e desci para libertá-lo. (Ex 3,7-8). O evento terá inicio às 8h30min com a acolhida da paróquia Nossa Senhora da Saúde e em seguida uma caminhada com três paradas pelas ruas sendo um em frente ao Riu da Magueira com o tema: Preservação ambiental, a segunda frente ao fórum Raimundo Vilela com o tema: Direitos humanos e trabalho degradante a terceira frente a Igreja Nossa Senhora da Saúde onde os movimentos populares colocaram em ação de graças suas conquistas, sinais de libertação.

Antonio Celio
CPT Centro Norte – Diocese de Bonfim – BA

 

Gostou desse conteúdo? Compartilhe
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp