CPT Sul-Sudoeste
Em comemoração ao 8 de março, mulheres do campo e da cidade, que fazem parte do Movimento de Mulheres Camponesas de Caetité, reunidas no MASB – Museu do Alto Sertão da Bahia, reafirmar seu papel na transformação histórica dessa sociedade. Nesse dia, celebramos a vida, a memória e a esperança. Durante o encontro, a mística marcou os 40 anos de existência do MMC no Brasil, fez memória às muitas lutadoras campesinas e ao papel das mulheres como protagonistas na luta por direitos e por políticas públicas que reconheçam o papel da mulher camponesa. Foram debatidos temas como democracia, agroecologia e quintais produtivos, reforma da previdência e entre outros.
Num clima de muita alegria e disposição, as mulheres reafirmaram seu papel na luta por justiça e na defesa de seus direitos, além do seu desejo de fortalecer as comunidades e grupos de base para continuação da luta pela conquista de direitos e proteção dos já constituídos.
Nesse espírito, celebramos a vida, nos colocamos na linha de frente para construir um novo caminho com segurança, proteção e cuidado com as companheiras, que ano após ano continuam sendo vítimas da violência e opressão, através da defesa da mãe terra, da água e da agroecologia, como forma de garantir a sobrevivência.
Denunciamos todas as formas de violência que escravizam, ferem e violam diariamente os corpos femininos!
Denunciamos o genocídio promovido pelo Estado de Israel contra as palestinas na Faixa de Gaza! As violências e dores sofridas por qualquer mulher, em qualquer lugar do mundo, é nossa dor. Clamamos pelo fim imediato às guerras injustas, desumanas e crueis que massacram civis, principalmente mulheres e crianças, em nome da ganância do Estado de Israel e seus apoiadores.
Denunciamos toda forma de injustiça fruto de um sistema político machista e opressor que atenta contra a democracia e os direitos dos menos favorecidos! Golpistas, fascistas e homofóbicos não passarão! Eles não cabem na sociedade justa, humana, fraterna, inclusiva e feminista que desejamos construir: uma sociedade que respeite e dignifique as mulheres.
Denunciamos todos os tipos de violências, que dia após dia machucam e matam mulheres pelo fato de serem quem são: pelo fato de serem mulheres. Denunciamos o machismo, herança histórica do patriarcado doentio, que viola direitos fundamentais!
Denunciamos o atual modelo econômico, baseado na grande propriedade, que promove a concentração de terra, a destruição da natureza, o uso indiscriminado de venenos, além de expulsar e matar os povos e comunidades tradicionais! Denunciamos as grandes obras de infraestrutura, os megaprojetos de geração de energias e a mineração, que violam direitos fundamentais e agridem e violentamente primeiro as mulheres.
Denunciamos o Estado brasileiro que, através de suas instâncias federais, estaduais e municipais, mostra-se ineficaz na implementação de políticas públicas que assegurem os direitos das mulheres: à segurança e à proteção, para que nenhuma delas tenha seu corpo e direitos violados; à geração de economia e renda que garantam uma vida segura e sustentável; ao território como espaço de segurança, proteção e reprodução da vida social, cultural e econômica; à saúde pública e gratuita, com valorização do SUS!
O que propomos:
– Retomada do trabalho de base junto às comunidades para fortalecimento do processo de organização do movimento e reocupação das ruas, como principal trincheira de luta, de onde emergiram as principais mudanças e transformações, desde a macropolítica até as conquistas que chegaram até aqui;
– Exigir do Estado políticas públicas: para favorecimento dos quintais produtivos e da produção agroecológica, que dignifica e protege o meio ambiente; e para garantia da saúde, da segurança e da proteção das mulheres;
– Reafirmação da cultura, da ética e do respeito no processo de organização da comunidade como demonstração da sua identidade, resistência e permanência nos territórios com condições dignas de sobrevivência;
– A luta em defesa da democracia como condição inegociável. Garantir o direito das mulheres à participação, às livres escolhas e a ir e vir, sem que sejam violentadas ou lesadas em seus direitos.
Caetité, Bahia – 8 de março de 2024