Acesse o Caderno de Conflitos no Campo Brasil 2023

CPT BAHIA

Violações Socioambientais da Mineração

O livro de Jó pergunta, 

onde está a Sabedoria? 

Na mineração que mata?

Ou na vida em harmonia?

Qual a riqueza da terra? 

Não é a mineração.

São as águas que movem a vida,

É a terra que gera o pão. 

São os povos que vivem e lutam

Resistem no dia-a-dia

Com seus jeitos de existir, 

Com suas economias.

Até na Bíblia se fala, 

do mal da mineração 

Quem a impõe aos territórios

Ao povo renega o pão

São racistas miseráveis 

Gananciosos malditos 

Que invadem os territórios 

Gerando vários conflitos 

Pra eles a natureza é recurso 

Que precisa ser explorado 

Seus projetos são movidos 

Só por valor de mercado 

Chegam aos territórios, 

Concebe-os como vazios 

O povo que vive alí

Pra eles nunca existiu. 

A lógica é sempre a mesma, 

Do racismo ambiental 

Retiram a riqueza da Terra

Exploraram tudo ao final 

E enquanto seus lucros crescem 

Pro povo tudo vai mal…

Esse projeto pensado

Pra toda a América Latina 

Se pauta no genocídio 

da nossa gente aguerrida

Que não se rende aos poderosos 

Que enfrenta bravamente 

esses projetos de morte

Impostos à nossa gente. 

Negros, indígenas, 

camponeses em geral 

São quem produz a vida

E mesmo com pouca terra,

Não deixa faltar comida.

Tratados como empecilho 

Pra tal desenvolvimento 

Protegem os ecossistemas

Lutam contra o sofrimento,

Lutam pra garantir direitos, 

Defender a ecologia

Não perder seus territórios

nem suas economias,

que geram trabalho e renda,

garantem autonomia. 

Defendem seus territórios,

Não se rendem a fantasia,

De um progresso pra poucos

E pra muitos agonia.

De quem é o minério?

Quem é a União?

O minério é do povo,

Do povo deve ser a decisão

Poder dizer sim à vida,

Não À MINRAÇÃO.

Mas nesta guerra travada,  

contra a nação brasileira 

ao povo nega-se o direito

e a vida vira trincheira 

há sempre quem sofre mais, 

e quem enfrenta as barreiras. 

Dentre aqueles explorados 

São os corpos das mulheres, 

Os primeiros violentados.

Sofrem o seu sofrimento, 

sentem as dores da Terra,

Da natureza destruída,

no dia- a- dia de guerra 

Sofrem a morte das águas, 

Das suas fontes de vida

Sofrem o choro dos filhos,

De suas filhas feridas,

sofrem ao perceber, 

os seus lugares cercados,

Sofrem com as doenças,

com as tarefas de cuidado,

Sofrem todo sofrimento 

que é invisibilizado

Assim como suas lutas,

travadas no dia a dia 

uma luta fundamental, 

É pela cidadania. 

A pergunta é importante, 

Onde está a sabedoria?

Com agroecologia se faz a revolução

Com as mulheres na frente

Puxando esse cordão

Por territórios autônomos

Livres de mineração. 

Por: Maria Aparecida de Jesus SilvaAgente da Comissão Pastoral da Terra Centro Norte, Diocese de Bonfim-Bahia 

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