CPT Centro Norte – Diocese de Bonfim
Durante o período de 17 a 19 de novembro, integrantes da sétima turma da Escola de Formação de Lideranças Populares – Liderar, participaram da segunda etapa do Curso, onde aprofundou-se a temática Trabalho de Base, com a assessoria de Terezinha Maria Foppa, irmã Catequista Franciscana, agente da CPT, e Benedito Oliveira, arte educador, professor de teatro da UNEB.
A Escola Liderar é realizada desde 2003 pela CPT em parceria com Movimentos Sociais e Organizações Populares do território da Diocese de Bonfim. A turma atual, majoritariamente jovem, é constituída por integrantes do Movimento dos/as Pequenos/as Agricultores/as (MPA), Movimento dos/as Trabalhadores/as Acampados/as e Assentados/as da Reforma Agrária (CETA), Escola Família Agrícola de Itiúba (EFAI), Lar Santa Maria, Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP), Sindicato da Agricultura Familiar de Senhor do Bonfim (SINTRAF), Associação de Pescadores do Açude Andorinha II, comunidades atingidas pela mineração e eólica.
Desde o primeiro dia da formação, as/os liderandas/os, foram provocadas/os a pensar estratégias de intervenção criativa junto a classe trabalhadora, tendo em vista a transformação social, no horizonte do Reino de Deus, que implica rupturas com o sistema capitalista, gerador de desigualdades.
Na introdução da oficina de comunicação e expressão, o arte-educador Benedito afirmou: “a construção da desigualdade é um projeto social”, ressaltando ainda que, neste projeto, pessoas são silenciadas, as populações negras são encarceradas, exterminadas, assim como diversas etnias de povos originários, as mulheres oprimidas e invisibilizadas, a cultura de massa, a música de massa são instrumentalizadas contra o povo. O assessor chamou a atenção para a necessidade de saber o sentido das palavras, qual palavra queremos dizer, pra quem queremos comunicar, saber onde está a nossa base, valorizar a cultura popular, os mestres e mestras que estão no meio do povo, rezar e acreditar na luta, sabendo que o nosso corpo é a principal ferramenta, a partir do nosso lugar e com os instrumentos que temos, para comunicar o nosso projeto com amor, pois a ação da não violência tem o poder de transformar.
Já irmã Terê, além de motivar a troca de experiências, trabalhou alguns textos bíblicos destacando, junto com a turma, algumas atitudes de Jesus, para aprofundar os princípios e metodologia do trabalho de base: Sempre partir de um fato, uma necessidade concreta do povo; ver a realidade, ficar no meio dos pobres, experimentar junto, com despojamento e humildade; ter atenção às histórias, valorizar os saberes populares; ler, aprender e fazer junto; se aproximar, saber escutar e dialogar, romper preconceitos; provocar movimento, não deixar o povo paralisado; ter a coragem de “desaparecer”, despertar protagonismos; sentir e despertar a paixão pela causa; todo trabalho de base tem que fazer o coração arder.
Os/as participantes, avaliaram que a metodologia aplicada na etapa, foi leve e além da compreensão sobre a temática, proporcionou maior integração e desenvoltura das/os participantes. Assim, inspiradas/os pela memória de Paulo Freire, Dorcelina Folador, pe. Luis Tonetto, Dandara, Aqualtune e Zumbi dos Palmares, os/as participantes, retornaram às suas casas, com o compromisso de construírem projetos de intervenção e, entre os principais focos de ação inicialmente identificados, destaca-se a preocupação com o engajamento das juventudes nas comunidades.