Mulheres camponesas de seis municípios do oeste baiano – Santa Maria da Vitória, Canápolis, São Felix do Coribe, Coribe, Jaborandi e Tabocas -, reuniram-se neste mês de agosto, em Santa Maria da Vitória, para fazer memória dos 31 anos do assassinato de Margarida Alves – trabalhadora rural assassinada em Alagoa Grande-PB -, e debater sobre as lutas e as resistências das mulheres no campo.
As cerca de 150 mulheres que participaram do encontro fizeram uma reflexão sobre os direitos conquistados ao longo da história do Movimento de Mulheres Unidas na Caminhada (MMUC) que tem inicio na década de 70 com as reuniões das mulheres nas Comunidades Eclesiais de Base e que posteriormente começam a engajar nos sindicatos de trabalhadores rurais diante da realidade dos muitos conflitos de grilagem de terra que assolam até hoje essas comunidades que lutam por permanecerem em seus territórios.
Contando com a assessoria da Comissão Pastoral da Terra, debateram ainda sobre a história do surgimento do movimento feminista no mundo, no Brasil, e no Oeste Baiano. Refletiram ainda sobre a atual conjuntura do avanço do capital no Oeste, já que este é a grande fronteira agrícola do país nesse momento, com os diversos projetos de obras de infra- estrutura como a Ferrovia de Integração Oeste Leste (FIOL), bem como os 165 projetos de aproveitamentos hídricos (barragens e PCHs) nos rios que abastecem o São Francisco, região onde cresce o número pesquisa de minérios nas comunidades, e sobretudo, do avanço do agronegócio, com projetos de derrubada de dezenas de milhares de hectares de cerrado para plantação de soja e algodão.
Outra pauta importante debatida pelas mulheres foi a necessidade de uma reforma do sistema político no Brasil e da participação no Plebiscito Popular pela Constituinte Exclusiva, momento importante de participação das mulheres, já que hoje no Brasil somente 9% dos congressistas são mulheres e as mesmas somam 51% da população brasileira conforme dados do ultimo IBGE.
Reafirmaram o compromisso com a luta pela permanência no campo, pela produção agroecológia, pela busca de direitos e libertação de todas as mulheres, no campo e na cidade. Acreditam que o feminismo é bandeira essencial para a construção de uma nova sociedade e da igualdade nas relações de gênero e de classe.