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CPT BAHIA

Pastorais Sociais e Cáritas Diocesana promovem Escola de Formação para a juventude em Guanambi (BA)

Cerca de 40 jovens das paróquias da Diocese de Caetité, se reuniram no último domingo, dia 18, em Guanambi (BA), para o encerramento da Escola de Formação Diocesana da Juventude. Essa atividade é uma iniciativa das pastorais sociais e da Cáritas Diocesana, e tem como objetivo fortalecer o trabalho junto às paroquias e principalmente o de potencializar o engajamento dos jovens nos espaços políticos e de decisões.

A formação teve início no ano de 2017 e passou por quatro etapas com os seguintes temas: Juventude, Fé e Política; Como funciona a Sociedade; Juventudes, Gêneros e Gerações; Juventude e Trabalho de Base.

No encerramento deste domingo, os jovens participaram de uma celebração eucarística e discutiram sobre o contexto político.  Houve ainda um ato solene para a entrega dos certificados, após assistirem o filme “O anel de tucum”, que simboliza o compromisso com os povos pobres e oprimidos da sociedade. Além disso, todos e todas avaliaram os projetos apoiados pelo fundo diocesano de 2017 e foi apresentado os projetos apoiados pela Cáritas em 2018.

A seguir um texto feito e lido por Martinha Mamedio antes da entrega dos certificados que traduz esses sentimentos e momentos compartilhados na formação:

“Dá-nos, Senhor, aquela PAZ inquieta

Que denuncia a PAZ dos cemitérios

E a PAZ dos lucros fartos.

Dá-nos a PAZ que luta pela PAZ!

A PAZ que nos sacode

Com a urgência do Reino.

A PAZ que nos invade,

Com o vento do Espírito,.

A PAZ do pão da fome de justiça,

A PAZ da liberdade conquistada,

A PAZ que se faz “nossa”

Sem cercas nem fronteiras

Dá-nos a tua PAZ,

Essa PAZ marginal que soletra em Belém

E agoniza na Cruz

E triunfa na Páscoa.

Dá-nos, Senhor, aquela PAZ inquieta,

Que não nos deixa em PAZ!”

Pedro Casaldáliga.

“Foi com essa paz inquieta que Dom Pedro Casaldáliga fala, que levou a sonhar e a materializar esse curso da juventude da caritas, assim, podemos nos chamar de irmãos, irmãs, companheiras e companheiros…

Podemos nos chamar assim, pois nos últimos tempos foi possível que essa juventude dividisse um caminho, caminho esse construído por muitas mãos, com muitos esforços e alguns desafios.

Fizemos uma caminhada, uma grande caminhada até aqui… foram finais de semanas fora das suas cidades, foram trabalhos da escola e da faculdade que tiveram que esperar um pouco para ser terminados, foram cuidadosos diálogos para serem liberados do trabalho, desafios para garantir as passagens… Mas também foram momentos de muita partilha, muitas trocas de experiências… a juventude aprendeu com a caritas, mas muito mais a Cáritas aprendeu com essa juventude. Ao caminharmos esse trecho da estrada juntos, nos vemos todos transformados nesse processo.

Ao longo das etapas, muitas coisas ficaram para nós… Compreendemos que a fé não se distancia da política, e que toda fé é política… que a fé não pode ser morta, precisamos de uma fé viva, e que traga vida para o povo, e vida em abundância.

E para que compreendêssemos o nosso papel frente a essa necessidade de transformação de vida do nosso povo, entendemos que era preciso entender como a nossa sociedade funciona, e como os poderosos exploram pobres e oprimidos, e que é nesse povo que Jesus se manifesta.

Ao longo do caminho também foi se refletindo a sociedade desigual em que vivemos, e como isso se manifesta nas relações entre homens e mulheres e a necessidade de serem transformadas. Se somos imagens e semelhança do criador, violentar uma mulher, é violentar o Sagrado que há em nós.

E com tudo isso, foi possível entender que só faria sentido todo esse esforço se voltássemos para as bases, para as paróquias e multiplicasse o que aprendemos até aqui. Precisamos retomar o trabalho de base.

Ao entregarmos esse certificado, não estamos entregando apenas um pedaço de papel, estamos passando a responsabilidade de formar outras pessoas, de levar esperança através do conhecimento para nossos grupos de jovens, pastorais, escolas e comunidades. O nome de vocês em cada um, representará muitas Larissas, muitos Robertos, muitos Maycons, muitas Marias… representa a juventude que está lá fora e precisaremos alcançar, e precisaremos levar a esperança de que uma vida nova chegará e que todos um dia poderão vivenciar o projeto do Bem Viver. Mas que pra isso precisaremos bater de porta em porta, comunidade em comunidade convocando a juventude a se organizar e pensar os rumos do Brasil.

Entregaremos simbolicamente as sementes para que não se deixem esquecer o que somos, somos sementes e o tempo que se aproxima são de terras inférteis, mas ainda assim precisaremos trabalhar para fortalecer nossas sementes, e plantarmos novas em outros corações.

Em algum dia precisou que um semeador ou uma semeadora plantasse essa semente no coração de Gilmar, Padre Dino, Adélia, Suzane e de tantos outros que hoje reconhecemos como árvores fortes e de raízes resistentes. A semente é o renovar-se da vida, e esse projeto precisa dar consequência com nossa juventude, foi plantado essa sementinha em nós, e nós temos a tarefa de sermos os novos semeadores e as novas semeadoras pela diocese afora.

Vamos receber o anel de tucum, e ao recebermos temos uma grande responsabilidade… essa aliança representa um compromisso, um compromisso cristão para com todos os povos pobres, oprimidos e marginalizados da sociedade. Fazemos o compromisso de enxergar Jesus na face das mulheres, dos negros, dos LGBTs… Se Jesus vive em cada coração vivente, compreenderemos que mais uma vez crucificaremos Jesus a cada jovem morto na periferia, Jesus volta a ser torturado a cada camponês expulso das suas terras pelas mineradoras.

Isso não é um encerramento, isso é um início… início de um novo compromisso da juventude da caritas diocesana para com o povo. “Vamos para o mundo afora, e pregaremos o evangelho”, mas pregaremos de um jeito novo, e mostraremos um Deus que é dos pobres e para os pobres. Que todos os povos sejam libertos!”

Texto: Equipe de Comunicação CPT BA

Fotos: Juliano Vilas Boas

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