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CPT BAHIA

A comunidade quilombola de Fumaça enfrenta há anos problemas com o abastecimento hídrico

Registro da reunião

Nessa quarta-feira (15), mais de 30 famílias da comunidade quilombola de Fumaça, Nordestina-BA, com destaque para a participação das mulheres, estiveram reunidas com a CPT Centro Norte, Diocese de Bonfim para debater sobre os problemas que as/os afligem e buscar saídas. Entre as principais preocupações, foram citados os impactos da Lipari mineração no território quilombola, a necessidade de organização comunitária e fortalecimento da união, a perspectiva de garantir projetos e políticas públicas com destaque para o abastecimento de água na comunidade, sobre o qual, focou-se o debate.

A comunidade é constituída por 43 famílias que, há anos enfrentam problemas com o abastecimento hídrico na localidade. Moradoras(es) relatam que no ano de 2012 (período eleitoral), foi instalada uma rede (sistema de abastecimento de água), mas as famílias nunca foram abastecidas. O desabastecimento hídrico, tem sido uma preocupação constante na vida dos moradores, principalmente para as mulheres, sobre as quais, a falta d’água acarreta sobrecargas no trabalho diário, problemas de saúde e outras consequências, aprofundando uma série de desigualdades já existentes.  A principal fonte de abastecimento na localidade, tem sido a distribuição de água por carros pipas que, na maioria dos casos ocorre após dias de solicitação das famílias à prefeitura, com qualidade duvidosa e quantidades de água insuficientes. Esta situação é comum entre as comunidades quilombolas e outras localidades rurais do município de Nordestina.

O paliativo dos carros pipas, não é uma política pública de água, longe disso, é uma velha estratégia política historicamente utilizada no Nordeste do País, com a finalidade de manter o povo cativo, humilhado e dependente. Embora o Semiárido tenha avançado na construção de tecnologias de captação e armazenamento de água e outras experiências de convivência com o bioma a partir das lutas das organizações populares, em muitas localidades, o que predomina é a velha política.

Na comunidade de Fumaça, a água encanada é uma reivindicação de anos, há, contudo, outra preocupação com a regularidade do abastecimento e valores cobrados pelo serviço, pois, nas comunidades quilombolas vizinhas, muitas famílias relatam que passam até meses sem cair uma gota d’água nas torneiras, mas são obrigadas a pagar contas exorbitantes à EMBASA ou ter suas redes cortadas e seus nomes “sujos”.  

A água é um direito fundamental constitucionalmente garantido com prioridade para o consumo humano e a dessedentação animal. Mas em Nordestina, as comunidades precisam se juntar, para fazer ouvir o seu grito por água e outros direitos fundamentais: “Trabalho, moradia, água para beber e comida todo dia”.

É dever dos poderes públicos, garantir esse direito a água e saneamento básico, como tantos direitos violados para os/as quilombolas e outras camadas das populações pobres e, as empresas responsáveis pelo abastecimento e outros serviços relacionados, a exemplo da EMBASA, (prestadora do serviço de abastecimento de água em Nordestina) tem igual obrigação de junto a administração pública apresentar soluções concretas que, de forma justa, atendam as demandas das populações.

Por: Comissão Pastoral da Terra, Centro Norte, Diocese de Bonfim-BA.

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