Encontro muitas pessoas que dizem não ir mais a uma missa. Não suportam o ritualismo vazio, tanto incenso, tanta indumentária e tão pouca sensibilidade humana e cristã. Outros se escandalizam com padres e leigos defendendo fascistas, tortura, pena de morte, execução sumária, vociferando contra os pobres e demais excluídos da sociedade. Inclusive, autoridades eclesiásticas pedindo – ou perguntando – se deve dar veneno de rato a um cantor.
Sempre repito que é preciso conhecer as periferias do cristianismo. Lá no chão, no meio da floresta amazônica, nos seus rios, nas comunidades rurais e periféricas do Nordeste, em várias periferias urbanas das grandes cidades. É preciso ir, muitas vezes, onde vai o Conselho Missionário Indigenista (CIMI), a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), as resilientes Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). E olha que aí está uma multidão de homens e mulheres, tantas vezes jovens ou já de cabelos brancos, animando as comunidades e anunciando um evangelho vivo por sua própria vivência. Ainda mais, aí também encontrarão muitos padres e muitos bispos, além das sempre fundamentais religiosas dedicadas ao povo.
Há ainda um bom grupo de evangélicos, gente do povo, também pastores dedicados ao povo de suas comunidades, mas também ao povo brasileiro. Lembro aqui de tantos pastores da Igreja Batista do Nordeste, irmãos de todos nós nessa caminhada.
Não estou falando da Igreja que está nas periferias – ela pode ser tão reacionária quanto a do centro -, mas das periferias do cristianismo, isto é, aqueles e aquelas tantas vezes desprezados e perseguidos no âmbito da sua própria Igreja.
Sim, hoje há Francisco no Papado e, por algum tempo, parece que esses periféricos tem um lugar na Igreja. O legado de Francisco para a Igreja e para a humanidade só Deus sabe o tamanho e a profundidade. Porém, o período de Francisco vai passar e seus adversários fazem de tudo para encurtar seu tempo e preparar a revanche.
Porém, é sempre bom lembrar que temos o mais poderoso dos aliados. Quando perguntam a Pedro Casaldáliga o que resta da Teologia da Libertação e do Cristianismo Libertário, ele sempre responde: apenas Deus e os pobres. Poderíamos acrescentar: “e seu bando de seguidores”.