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CPT BAHIA

DOCUMENTÁRIO “NINGUÉM OBSERVA? SUFOCADOS PELA POEIRA E AMEAÇADOS PELOS GRILEIROS” FOI LANÇADO NESSA QUINTA-FEIRA

Nessa quinta-feira (01), ocorreu à estreia do documentário “NINGUÉM OBSERVA? Sufocados pela poeira e ameaçados pelos grileiros”. O filme, de Thomas Bauer, da Comissão Pastoral da Terra (CPT) Bahia, aborda os problemas socioambientais provocados pela mineradora de fosfato Galvani, assim como as tentativas de grilagem de terra no território tradicional de fundo de pasto de Angico dos Dias, em Campo Alegre de Lourdes (BA).

A estreia do documentário aconteceu de maneira virtual, transmitido pelo canal do Youtube da CPT-BA e páginas do Facebook da CPT-BACPT Nacional e parceiros. O documentário apresentou relatos de moradores e moradoras do Angico dos Dias e das comunidades vizinhas Açu, Poço do Baixão, Baixãozinho, Baixão Novo e Baixão Grande, também impactadas pela mineradora Galvani. Mais de 800 famílias convivem com uma série de impactos socioambientais, por exemplo: o desmatamento, poluição do ar, doenças respiratórias, contaminação de fontes de água, do solo e perda de animais.

Assista o documentário na íntegra neste link: https://www.youtube.com/watch?v=-meHApZOjV4&pbjreload=101

Após a exibição do documentário, houve um bate-papo moderado por Marina Rocha agente da CPT-BA sobre os impactos da mineração com a participação dos moradores comunidade Angico dos Dias Edinei Soares e a Ediva Bastos, o pesquisador do GeografAR/UFBA Lucas Zenha, o Pe. Bernardo Hanke da Paróquia de Campo Alegre de Lourdes e do cordelista Antônio Silva, que recitou cordéis relacionados aos impactos socioambientais de sua autoria.

Para o documentarista Thomas Bauer as imagens recolhidas apresentam a realidade, que não pode ser negada, além de ser uma ferramenta de denúncia. Ele relatou também a angustia que sentiu no processo de produção e finalização “rever aquelas imagens, depoimentos e sofrimento que eles passaram e passam todos os dias, me deixou muito angustiado. Espero que esse documentário possa ajudar a denunciar e fortalecer a luta dos moradores comunidade Angico dos Dias”, conclui.

O cenário de tranquilidade, segurança e o uso da terra de maneira sustentável foi desconfigurado após a chegada da mineradora Galvani, como relata o Edinei Soares, presidente da associação comunitária de Angico dos Dias e Açu “Galvani trouxe 20% de emprego para a comunidade, porém, mais de 80% dos moradores estão sofrendo com desocupações das tradições, da agricultura familiar e modo vida. Praticamente, toda comunidade sofre com problemas de saúde relacionada às doenças respiratórias. Além da violência, prostituição e drogas, que é devido ao grande número de trafego de pessoas da mineradora e de outros estados”. Para a moradora Ediva Bastos a cada dia a comunidade tem piorado “não é mais o cantinho do céu como considerava tempos atrás, a gente está com medo”, desabafa.

Durante o bate-papo, o pesquisador do GeografAR/UFBA Lucas Zenha explicou como funciona as demarcações de terras para comunidades tradicionais e a maneira que o Governo autoriza o setor privado a exploração dos recursos naturais, que é o caso das mineradoras. O pesquisador pontuou que a situação enfrentada pela comunidade Angico de Dias não é um fato isolado, pois, no estado da Bahia há centenas de pesquisas e processos abertos de solicitação para esse tipo de atividade. Diante de uma realidade tão delicada como essa “é a resistência que faz com que essa historia fique viva”, finaliza. 

Foto: Thomas Bauer

Para uma economia justa, com equidade é necessário respeito com o meio ambiente, com o povo e defender a vida. O Pe. Bernardo Hanke da Paróquia de Campo Alegre de Lourdes defende “vamos ser solidários, Angico dos Dias não é uma comunidade distante de nós, são irmãs e irmãos que sofrem. Irmãs e irmãos que queremos proteger as suas vidas, seus direitos e suas terras”.

O documentário “Ninguém observa? Sufocados pela poeira e ameaçados pelo grileiro” dirigido por Thomar Bauer agente da CPT-BA contou com trilha sonora original de Eduardo Guerra e narração da atriz Jéssica Barbosa. O documentário foi realizado através da CPT-BA, Associação Comunitária de Fundo de Pasto de Angico dos Dias e Açu, e Associação Comunitária de Fundo de Pasto de Baixão Grande, Baixãozinho e Baixão Novo, com o apoio de Misereor.

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