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CPT BAHIA

Jovens da região de Campo Formoso participam de nova etapa da formação de líderes

liderar
Foto: CPT Centro Norte, 05 e 07/08/2016

Cerca de 21 jovens lideranças de base de vários movimentos sociais dos municípios baianos  de Campo Formoso, Pindobaçu e Caem, marcaram presença nos dias 5 e 7 de agosto, na III Etapa da Escola de Formação de Lideranças, na Casa das Comunidades, em Campo Formoso. Com a assessoria da advogada e professora Tatiana Emília, que também é agente da CPT e da AATR, o grupo refletiu o tema: “História da Sociedade a partir dos Movimentos Sociais”. A atividade foi promovida pela Comissão Pastoral da Terra – CPT em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar – SINTRF e a Associação de Lideração – LIDERAÇAO.

O objetivo da formação foi apresentar o percurso histórico feito pelos movimentos sociais e demostrar como a conquista de direitos foi e é resultado da luta e organização popular. Normalmente, os direitos não são dados espontaneamente pelo estado e são resultado de muita luta, muito sangue derramado e mobilização da classe operária. Falar este caminho anima a luta e organização da juventude que sonha e busca a construção de uma história menos opressora.

Ao final do encontro, o jovens retornaram às suas comunidades com o compromisso de partilhar os conhecimentos adquiridos e fortalecer a luta dos seus movimentos/entidades, e fazer a diferença nos espaços ocupados. Segundo Marcos da comunidade de Puxadeira, o encontro foi um momento de aprender sobre os movimentos que existem na região e os seus objetivos. “O liderar está proporcionando um grande conhecimento para atuar no meu trabalho e assim efetuar a nossa militância”, explica.

A jovem Alie Miranda, da comunidade Rancho do Padre, também destacou o empoderamento proporcionado pelo curso. “Esta etapa ajudou a entender a verdadeira história de luta dos movimentos sociais que não é contada na escola oficial. Me sinto muito feliz em participar deste escola e com certeza está me ajudando animar a minha comunidade”, afirmou determinada.

Já Jovânia da comunidade do Limoeiro, ao final do encontro ressaltou a contribuição histórica dos movimentos sociais para que hoje ainda existam espaços populares de resistência. “Os movimentos sociais de hoje são fruto de muita luta e necessidade, e por isso temos hoje grupos organizados que estão na defesa da vida e da permanência na terra. Ao longo da história, sempre tivemos governos que apoia o ‘progresso o desenvolvimento’ expulsando povos e comunidades tradicionais de seu território”, avaliou.

Conteúdo do curso – A princípio junto com os participantes foi feito um resgate histórico de como se deu o processo de construção e ocupação do Brasil, em 1500 com a chegada dos portugueses. De 1534 a 1822 o país foi prestador de serviço do capitalismo de Portugal sob o regime escravista. Em um curto período houve o modelo das sesmaria, quando as terras deixaram de ser coletiva e passam a ser propriedade de uma pequena minoria que investia pesado para produzir e exportar produtos específicos. Neste contexto, surge o modelo mono-agro-exportador, em que a utilização da mão de obra escravizada era o que garantia a lucratividade das empresas.

Durante quatro séculos foi tolerada a mão de obra escravizada. Depois de diversos massacres, começa a aparecer, ainda de forma tímida, por medo de repressão, estratégias de organização das classes populares, sobretudo negros e índios para enfrentar os coronéis da época, grandes latifundiários. São vários os exemplos de lutas e mobilização que começam a estourar no Brasil contra o modelo escravista e a própria ineficiência do governo em tomar alguma medida diante de tal fato.

Mas mesmo com a abolição da escravatura e posteriormente a luta organizada por melhores condições de trabalho não foi suficiente extinguir o modelo latifundiário, que perdura até os dias de hoje, baseado no sistema capitalista que pensa apenas no crescimento e na lucratividade de uma classe, enquanto a outra parte continua na luta para garantir a sobrevivência. Com a constituição de 1988 – alguns direitos aos trabalhadores foram garantidos por lei, mas com uma ressalva, porque na prática o sistema continua explorando e sonegando esses direitos constitucionais.

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