Na manhã desta segunda-feira, 8 de setembro, foi iniciada a Semana do Cerrado com o Seminário do Cerrado, que aconteceu na Câmara de Vereadores do município de Correntina-BA.
O evento reuniu representantes de diversas comunidades do Oeste da Bahia e do Norte de Minas, paróquias, movimentos sociais, sindicatos, associações e organizações populares para debater a realidade da região.
O principal assunto debatido foi a situação do Rio São Francisco. Rogério, representante da Comunidade Tradicional Pesqueira e Quilombola de Caraíbas, no Norte de Minas, chamou atenção para a deterioração do Rio que atualmente pode ser atravessado com o limite de água na cintura, em localidade que antes tinha mais de 4m de profundidade.
“O Rio está ficando sem peixe, por causa do assoreamento e por causa das empresas que jogam poluentes, mas no final o governo diz que a culpa é nossa, dos pescadores, que estamos deixando o rio sem peixes. Nós vivemos do rio e estamos morrendo sem ter como sobreviver”, desabafou.
Andreia Silva Neiva do Movimento Atingidos por Barragens (MAB), ressaltou a luta de quase 11 anos que a comunidade vem enfrentando e sugeriu que a luta seja ampliada não apenas para o enfrentamento às barragens.
“Temos comunidades que sofrem com propostas de canais, desvio de água, grilagem de terra, agronegócio, mineração e diversos outros problemas, não apenas por barragens, então fizemos uma avaliação de que todas as comunidades são atingidas por capital. O nosso objetivo é unificar a luta para planejarmos melhor nossas ações de enfrentamento”.
A roda de conversas foi mediada por Ana Paula, da Comissão Pastoral da Terra Oeste e contou também com apresentações de Alexandre Gonçalves (CPT Norte de Minas) e Samuel Britto (CPT Centro Oeste), ambos da Articulação São Francisco Vivo.
Também foram feitas apresentações sobre as comunidades tradicionais de fundo e fecho de pasto e os participantes deram depoimentos sobre as dificuldades que enfrentam em suas comunidades.
O quilombola Carlos, de Bom Jesus da Lapa lamentou: “Sem água pra que eu quero o quilombo na beira do rio? A nossa luta é uma só, é uma luta de todos”. E Divalci, da tribo indígena Xakriabás, concluiu: “Vivenciamos todos os dias o desmate do cerrado, mas acho que ainda dá tempo de despertarmos o nosso povo e irmos juntos à luta”.
SEMANA DO CERRADO
A Semana do Cerrado tem a organização da 10envolvimento – Barreiras, ACEFARCA, SINDITEC, STR de Côcos, AAVV, PJMP, Irmãs Franciscanas, CPT Norte de Minas, Indígenas Xakriabás, CPT Centro Oeste, CIMI Leste, Cáritas de Januária, ASSUSBAC, Instituto Rosa e Sertão, CPT Sul/Sudoeste, Paróquia de Côcos, APSFVivo, MAB, Movimento de Mulheres, Associação dos Fechos de Pasto do Clemente, Coletivo de Fundo e Fecho de Pasto do Oeste da Bahia.
PROGRAMAÇÃO:
09/09 (Terça-feira)
Mutirão de visitas às comunidades. Locais: Côcos, Jaborandi, Santa Maria da Vitória e Correntina, na Bahia, e Norte de Minas
12/09 (Sexta-feira)
8h às 17h – Avaliação do Mutirão e preparação para a Romaria – Salão Paroquial – Côcos-BA
Dia todo – Intercâmbio dos geraizeiros envolvendo comunidades de Caetité, Barreiras e Correntina – Comunidade de Praia, em Correntina-BA
13/09 (Sábado)
1ª Romaria do Cerrado – Côcos-BA