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CPT BAHIA

CPT BA realiza intercâmbio entre mulheres do campo no sudoeste da Bahia

Cerca de 70 pessoas participaram de um intercâmbio entre mulheres acompanhadas pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) Regional Bahia, na comunidade de Furados, em Caculé. O encontro aconteceu entre os dias 10 e 11 deste mês e contou com a parceria da Associação Comunitária de Amargosa, Furados e Periperi (ACOFAP).

No intercâmbio, as mulheres trocaram experiências sobre organização e produção, além das discussões em torno da luta pela permanência em seus territórios. As participantes fazem parte de acampamentos, assentamentos e de comunidades tradicionais de Fecho de Pasto de dez munícipios: Caetité, Caculé, Guajeru, Santa Luzia, Camacan, Gongogi, Ilhéus, Itabuna, Ibirapitanga e Cordeiros.

O primeiro dia teve a acolhida e apresentação do histórico da comunidade anfitriã, que tem suas raízes atreladas a uma construção coletiva com o protagonismo das mulheres, com destaque a Isabel Rosa Soares, a Bela, que na década de 1980 impulsionou a organização do povo em comunidade.

Uma das experiências apresentadas de Furados foi o projeto de construção de uma cozinha industrial organizado por 21 mulheres com o propósito de produção, comercialização e geração de renda. Segundo Maria da Glória Ribeiro, o trabalho requer muito esforço coletivo. “No início não tínhamos o capital para garantir o investimento necessário, no entanto, a disposição das mulheres e a organização foi a chave do sucesso até aqui obtido pelo grupo”, afirmou.

No segundo dia, o coletivo de mulheres de Mandacaru, do município de Caculé, que iniciou com 5 mulheres e hoje participam 16, apresentou o projeto que envolve a colheita, produção e comercialização das polpas com frutas da época (umbu, maracujá do mato, acerola, manga e outros). A produção é vendida no comércio local e distribuída no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

O grupo “Guerreiras dos Pés no Chão”, do Movimento Estadual de Trabalhadores Assentados, Acampados e Quilombolas (CETA), destacou o esforço das mulheres para o beneficiamento do Cacau no assentamento Terra Santa Cruz, em Santa Luzia. “As mulheres do assentamento vem trabalhando coletivamente com o objetivo de produzir renda. Nós nunca paramos na comunidade e queremos com o beneficiamento do Cacau e com a força das nossas companheiras demonstrar que temos muita coragem de trabalhar, produzir e seguir organizada”, disse Luzielma Santos Silva.

O encontro encerrou com a reflexão a respeito do protagonismo das mulheres frente aos desafios da atual conjuntura. As participantes destacaram a força feminina, a resistência, persistência e a alegria em seguir fortalecendo a luta com vista ao enfrentamento a violência e a construção de alternativas econômicas que possam fortalecer um projeto de abundância e liberdade.

Texto: Beni Carvalho/ CPT Bahia

Edição: Comunicação CPT Bahia

Fotos: Gilmar Santos

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