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CPT BAHIA

Comunidade tradicional de Caraíbas/MG tem seu direito de ir e vir negado por fazendeiros locais

Neste domingo, 21 de Setembro de 2014, a comunidade quilombola, pesqueira/vazanteira de caraíbas, em Pedras de Maria da Cruz, Norte de Minas Gerais, iniciou mutirão de reabertura de sua estrada histórica de acesso à cidade e comunidades vizinhas. Os fazendeiros da região, há alguns anos, fecharam a estrada com cercas e cancelas, proibindo a passagem do povo. Sem manutenção o mato e a erosão invadiram a estrada.2014.09.23 - Pedras de Maria da Cruz

As crianças têm tido enormes prejuízos escolares devido à falta de transporte favorável. A prefeitura local não enfrenta o problema e uma lancha escolar faz um transporte muito precário. Somente este ano os alunos já perderam mais de 60 dias letivos em decorrência de falhas técnicas e políticas/administrativas do município. E, nesta 2ª feira, tem-se notícia de que, mais uma vez a lancha não funcionará. O transporte pela estrada é muito mais rápido comparado ao fluvial. Com a seca do São Francisco aumentam as dificuldades.

A comunidade vem sofrendo com a negação do seu direito de ir e vir, sobretudo, em situações que demandam serviços de urgência, como o acesso ao serviço medico/hospitalar e segurança pública, dentre outros, ficando à mercê dos funcionários das fazendas ou do transporte fluvial, inadequado para muitos dos casos, sobretudo neste tempo de longa estiagem.

A comunidade de Caraíbas e adjacências, cansada de esperar por providências dos órgãos públicos e lentidão do poder judiciário, enfrentando inúmeras dificuldades que afetam o exercício dos seus direitos, decidiu organizar um mutirão e reabrir sua estrada. No dia 21 de setembro, durante o mutirão comunitário, seis policiais militares, acompanhados de preposto da fazenda, chegaram até o grupo de mais de 50 homens e mulheres.

Segundo os trabalhadores, a polícia chegou apontando as armas para os mesmos. O preposto da fazenda, em frente dos policiais, estava muito exaltado e fez ameaças violentas à comunidade e disse que iria expulsar a comunidade do local e fechar o “mata-burro” construído no mutirão, o que está sendo efetivado na tarde de hoje, tencionando ainda mais o clima naquela localidade.

A estrada está em área da União, mas os fazendeiros se apropriam de forma ilegal e interrompe os acessos da comunidade cerceando seus direitos. Segundo os moradores daquelas mediações, apesar da cancela fechada e de outros limites impostos, cerca de 500 pessoas circulam por esta estrada diariamente.

Contrários a toda a situação de opressão e de negação de direitos, manifestamos nosso apoio à resistência histórica do povo da comunidade Caraíba e adjacências.

Solicitamos aos órgãos competentes providências urgentes, no intuito de evitar que tragédias maiores aconteçam neste processo de conflitos há tanto tempo denunciados nos diversos órgãos estatais competentes!

Pedras de Maria da Cruz, 22 de Setembro de 2014.

Conselho Pastoral dos Pescadores/CPP
Comissão Pastoral da Terra/CPT

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