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CPT BAHIA

CPT Bahia realiza encontro de novos e novas agentes

Há mais de 10 anos, a CPT Regional Bahia realiza encontros anuais de novos e novas agentes, e sempre vem muita gente. Desta vez, através de uma plataforma virtual, devido à pandemia da Covid-19, não foi diferente: 23, aos quais se juntaram cinco agentes de mais tempo, alguns beirando os 40 anos na CPT. Aconteceu nas manhãs dos dias 25 e 26 de junho de 2020.  A maioria dos participantes era de agentes voluntários e voluntárias, mulheres e jovens. Os temas foram a história e o tripé dos “três Ms” – como num tamborete de três pernas – que fazem a CPT ser o que é e o serviço que presta há 45 anos: Missão, Mística e Metodologia.

O começo do encontro já diz muito: presentificação dos/as participantes em grupos, para se fazerem intensamente presentes, para além uma “apresentação” de nomes, lugares, profissões e títulos… Foi conduzida pelo frei Luciano Bernardi, da assessoria regional, que destacou o contexto em que nos encontramos, marcado pela pandemia e pela necropolítica. O que nos convoca, mesmo em quarentena, à criatividade e à esperança nas lutas possíveis e ousadas, de resistência e busca do Reinado de Deus, contra as forças empoderadas da morte.

A história da CPT veio como forte inspiração e apelo à continuidade, trazida por Ruben Siqueira, da assessoria regional e da coordenação nacional. A linha do tempo desta história se refez com fotos que evocam a CPT, no passado e no presente, pessoas e fatos marcantes, desafios e conquistas significativas, ao longo destes 45 anos da Pastoral da Terra no Brasil e na Bahia, em que não faltou o testemunho comprobatório dos mártires. Nascida na Ditadura Civil-Militar de 64, como resposta das Igrejas à violência contra os/as pobres do campo e das florestas da Amazônia, a CPT esteve sempre aí, em todos os cantos do país, onde eles mais precisam de apoio, animação e assessoria, na defesa e na conquista da terra, sempre necessárias e urgentes.

O tripé dos “três Ms” da CPT foram motivados, sob a coordenação de Marina da Rocha, por Terezinha Foppa (Tere) e Edu Terrin, três agentes históricos. Os elementos inseparáveis da Missão, Mística e Metodologia da CPT foram colocados vivencialmente, pelos depoimentos delas/e sobre os modos como os praticaram em suas trajetórias de vida/trabalho na CPT Bahia. Edu ressaltou que partimos sempre do momento histórico, da situação vivida, que precisa ser analisada e compreendida em âmbito local e geral, este a partir daquele. Assim, “o primeiro passo na metodologia é andar nas comunidades, conhecer a realidade, ajudar as pessoas a compreender, buscar estratégias comuns de enfrentamento, de forma articulada, e ajudar os trabalhadores/as a serem sujeitos da própria vida… O papel da CPT é ser instrumento do protagonismo dos trabalhadores e trabalhadoras”, afirmou Edu.

Assim também Tere, das Irmãs Catequistas Franciscanas, vinda de Santa Catarina, ao relatar sua trajetória de 40 anos na CPT, atuando na Diocese de Ruy Barbosa e mais recentemente na de Irecê, destacou o quão decisivo é esta inserção na realidade do povo do campo e a ajuda na organização e no protagonismo camponês através das comunidades, associações, sindicatos etc. Um trabalho feito sempre em equipe. Destacou a efervescência da Teologia da Libertação, da opção pelos pobres, das CEBs, da Pastoral da Juventude do Meio Popular, do apoio de bispos comprometidos etc. Dedicou-se ao que era mais desafiador: a situação difícil dos trabalhadores migrantes na colheita do café, dos posseiros expulsos violentamente de suas terras por fazendeiros, jagunços e polícia, das mulheres vítimas do machismo e da violência doméstica, mesmo assim, as protagonistas de processos de mudanças.

No momento final conclusivo, os/as participantes frisaram a importância da CPT realizar o encontro de novos, porque motiva e anima os/as que estão chegando e enche de esperança os/as mais antigos/as. Como afirmou Amanda Alves, de Correntina, da CPT Centro-Oeste, “as manhãs de ontem e de hoje foram um bálsamo, em meio a todo este momento que atravessamos, tão duro, tão difícil, numa crise sanitária, política, social… em que precisamos ser fortes, para enfrentar as trincheiras, que depois desta pandemia as lutas vão se intensificar. E nós somos chamados a colaborar para a construção de dias melhores”. Deu pra entender melhor o dito de D. Pedro Casaldáliga, um dos fundadores, como disse Anselmo Souza, novo da equipe Centro-Norte/Juazeiro: “Uma vez CPT, sempre CPT”.

Texto: Comissão Regional de Formação/CPT Bahia

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