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CPT BAHIA

Fazendeiro, filho e empregado presos por prática de trabalho escravo

Em Domingo, 27 de Abril de 2014 19:20, Marcelo Erbas <[email protected]> escreveu:

CIDADES E REGIÃO – Combate ao crime
Três trabalhadores foram resgatados pela Polícia Civil no último sábado

 Carlos Grevi / Vinnicius Cremonez

Três trabalhadores foram resgatados pela Polícia Civil no último sábado

O proprietário de uma fazenda, o filho e um empregado foram presos na tarde de sábado (26/04), na localidade do Angelim, em São Fidélis, por  manter quatro homens em situação análoga à escravidão.
Os três:  Paulo Cesar Azevedo Girão, 58 anos, o filho Marcelo Conceição Azevedo  Girão, 33 anos, e o empregado Roberto Melo de Araujo, 38 anos, vão  responder por crime de restrição a condição análoga a de escravo e podem pegar de dois a oito de reclusão, como explicou o delegado adjunto da  134ª Delegacia Legal de Campos, José Paulo Pires, na manhã deste domingo (27/04).
“Ao chegarmos à fazenda só encontramos os supostos autores que foram presos em flagrante. As vítimas estavam escondidas, pois eles mandavam elas se esconderem sempre que chegassem alguém ou viatura no local”, explicou o delegado.
Pires disse ainda que os trabalhadores, dois de São  Fidélis, um de Campos e outro de Natividade, eram obrigados a trabalhar  todos os dias, sob a supervisão do empregado da fazenda, que era uma  espécie de “capataz”. O trabalho forçado era das 4h às 17h. Após a  jornada de trabalho, os homens eram colocados em um quarto, que ficava  próximo à casa do “caseiro”.
O período em que os trabalhadores permaneceram na fazenda em situação  análoga a de escavo, segundo Paulo Pires, foi de oito anos, o último  recrutado, e de 14 anos o mais antigo. “Caso manifestassem o desejo de  ir embora, eles disseram que eram agredidos e ameaçados. Infelizmente  dados da Organização das Nações Unidas [ONU] apontam que entre 12 e 25  milhões de pessoas vivem nessas condições no mundo todo, e o que leva a  isso é a falta de condições social e econômica das pessoas, tanto que  dos resgatados chegou para mim e perguntou como ele ia ficar agora que  perdeu trabalho. Então, o cara é submetido ao trabalho escravo, mas  ainda esta preocupado em perder aquilo”, disse Pires.
Sobre os elementos que levaram a Polícia Civil a registrar o caso como  restrição a condição análoga a de escravo, o delegado disse que “quando a pessoa é submetida ao trabalho extenuante, o não pagamento pelo  trabalho realizado ou o pagamento em valor irrisório, a não permissão  aos meios de locomoção para sair ou entrar no local de trabalho, além de manter vigilância ostensiva no local de trabalho e se apoderar de  documentos dos trabalhadores são aspectos que caracterizam o trabalho  escravo”, enumerou o Paulo Pires acrescentado que não conseguiu reaver a documentação dos trabalhadores.
Os presos deverão ficar à disposição da Justiça Cadeia Pública Dalton Crespo de Castro, para onde foram encaminhados.
ENTENDA O CASO Um dos trabalhadores, que é de São Fidélis, escapou da fazenda na noite de sexta-feira (25/04) e foi para casa de familiares. Acompanhado de um  sobrinho foi a 141ª Delegacia Legal e comunicou o fato, além de dizer  que outras três pessoas estavam vivendo na mesma situação. A partir daí  foi montada a operação e na tarde de sábado (26/04), os três trabalhadores foram resgatados pela Polícia Civil.
As vítimas não possuíam carteira assinada e não recebiam nada pelo  trabalho, além de viverem em situação sub-humana, recebendo uma ou duas  refeições por dia. O local onde ficavam possuía duas camas, um  colchonete, além de um armário, um banheiro e uma pia com uma grelha de  churrasqueira em cima. As portas e janelas eram trancadas.
Segundo o delegado José Paulo Pires, eles tomavam café, almoçavam e jantavam.  Às 4h da madrugada eram levados para a fazenda, pelo capataz, e só  retornavam às 17h direto para o quarto onde ficavam trancados.
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