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CPT BAHIA

Carta-denúncia das comunidades ribeirinhas de Sento Sé

Nós, das comunidades tradicionais ribeirinhas localizadas no entorno da Serra da Bicuda em Sento Sé/BA, às margens do rio São Francisco (Ponta D’Água, Volta da Serra, Cajuí, Retiro de Cima, Retiro de Baixo, Tombador, Pascoal, Limoeiro, Aldeia, Andorinhas e Itapera), impactadas pela Tombador Iron Mineração, denunciamos a seguinte situação:

A chegada de 20 carretas bitrens para transportar a produção da Tombador Iron Mineração, no dia 25 de maio de 2021, mais uma vez demonstrou o desrespeito da empresa com as populações das comunidades acima citadas. Não fomos informadas sobre a chegada dos transportes de grande porte, nem tampouco das licenças concedidas à Tombador Iron pelas instâncias Federal, Estadual e Municipal. Licenças essas concedidas sem a realização da consulta prévia, livre e informada às comunidades.

Nós, das comunidades, perguntamos: Essas estradas que ligam Sento Sé às comunidades irão suportar o tráfego constante dessas carretas com dezenas de toneladas de minério? As pessoas que tem suas roças à margem das estradas de chão conseguirão trabalhar em meio a tanta poeira provocada pelo transporte? As estradas públicas se tornaram privadas? Como nós das comunidades iremos trafegar para sede do município em meio tanta poeira e velocidade com que esses veículos passam? Nas estradas onde eles atravessam, vamos perder o direito de ir e vir, visto que eles não têm o menor respeito com o povo? E a estrada de Sento Sé a Juazeiro, será que vamos voltar ao tempo que levava cinco horas pra chegar?

Os acidentes com certeza irão aumentar por conta da velocidade das carretas, pois os motoristas perdem a visibilidade com a grande quantidade de poeira. Para onde vamos? Em apenas 24 horas da chegada desses transportes, trabalhadores/as já estão impedidos de fazer atividades em suas roças, por conta da poeira. Como será o dia o dia das comunidades tradicionais ribeirinhas, tendo em vista que a Tombador Iron tem capacidade de produção de 400 toneladas de minério por hora?

Outra coisa que precisa ser esclarecida é: Se o Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA) concedeu a Licença de Operação no dia 20 de maio de 2021, como em quatro dias já havia material suficiente para carregar 20 carretas bitrens?

Exigimos respeito!  Somos gente, das comunidades tradicionais, e seguimos na luta pelos nossos direitos!

Comissão das Comunidades Atingidas pela Tombador Iron Mineração

Em apoio às comunidades atingidas, assinam esta carta-denúncia:

Articulação Regional de Fundo de Pasto

Articulação Sindical Rural da Região do Lago de Sobradinho

Associação dos Advogados/as de Trabalhadores/as Rurais (AATR)

Coordenadoria Ecumênica de Serviços (CESE)

Comissão Pastoral da Terra (CPT)

Colegiado de Antropologia (CANT-UNIVASF)

Diocese de Juazeiro – Bahia

Departamento de Ciências Humanas – Campus III – UNEB

Fórum de Entidades de Campo Alegre de Lourdes

Grupo de Pesquisa GeografAR (UFBA)

Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA)

Laboratório de Metodologia, Pesquisa e Documentação em Antropologia (LaMPDA-CANT/UNIVASF)

LAPPIS: Laboratório de Pesquisa sobre Produção, Comercialização e Consumo de Substâncias Psicoativas (UNIVASF)

Krisis – Laboratório de Antropologia, Filosofia e Política (UNIVASF)

Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM)

Movimento Salve as Serras

Movimento de Trabalhadores Rurais Assentados e Acampados da Bahia (CETA)

Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA)

Paróquia de São José – Sento Sé

Politik – Centro de Estudos em Instituições, Participação e Cultura Política (UNIVASF)

Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais (SASOP)

THANÁTOUS – Liga Acadêmica Interdisciplinar para o Estudo da Morte e do Suicídio (UNIVASF)

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