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CPT BAHIA

Comunidades Quilombolas de Piatã sofrem com impactos de mineradora Brazil Iron

Cidade que dá boas vindas aos visitantes, negligencia cuidados com seus próprios moradores.

Os moradores das comunidades Quilombolas do Mocó e Bocaina (Piatã- Ba) estão respirando poeira de minério de ferro devido à ação da empresa Inglesa Brazil Iron. São cerca de 150 famílias que estão vivendo um verdadeiro pesadelo por conta do risco de contaminação, de adquirir problemas respiratórios e cardiovasculares. Muitos já deixaram de plantar e temem pelo comprometimento dos rios e afluentes da região, que desembocam no Rio de Contas, umas das maiores bacias hidrográficas da Bahia.

Além das nuvens de poeira, o barulho ensurdecedor de explosivos e das máquinas que operam 24h por dia. Devido ao barulho incessante a população tem enfrentado dificuldade para dormir à noite. As explosões inadvertidas já derrubaram parte de uma casa e tem provocado rachaduras em muitas outras causando sobressaltos a idosos, crianças e gestantes.

Vista da comunidade da Bocaina no momento da explosão de dinamites

No dia 27 de setembro, cerca de 35 moradores das comunidades fizeram uma manifestação na região do Tijuco, às margens da Ba 148. Com o intuito de informar e sensibilizar os trabalhadores da Brazil Iron , cartazes e panfletos informativos foram confeccionados e distribuídos. 

A Polícia Militar foi informada para garantir a integridade física dos manifestantes, mas em vez disso, um dos policiais lançou uma bomba de gás lacrimogêneo para dissipar a manifestação composta em sua maioria por mulheres e jovens. A ação do gás provocou dores, danos respiratórios e revoltou a todos pela ação desproporcional. Levantando a questão: o poder do estado está a serviço da população ou de interesses particulares?

Além de  emitirem ruídos de domingo a domingo, os veículos pesados, por vezes, obstruem as vias de acesso à comunidade e tem provocado a rápida deterioração do sistema viário da região: a exemplo da situação deplorável em que se encontra a Ba 148 que liga Seabra à Piatã e Rio de Contas.

A instalação da mineradora Inglesa deixa dúvidas quanto a sua legalidade, visto que não houve consulta prévia, livre e informada às comunidades Quilombolas – com registro na Fundação Palmares – conforme indicado na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho. Apesar das inúmeras queixas, a direção da mineradora se nega a atender os representantes da comunidade para dialogar. O Inema e demais instâncias competentes já foram acionadas, mas a situação se arrasta por meses e nenhuma atitude foi tomada para mitigar os impactos da mineração.

Por: Equipe CPT Bahia – Centro Norte

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