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CPT BAHIA

 “AS AVENTURAS DE CACAU” – A HISTÓRIA DE UM MENINO QUE DESCOBRIU UM PORTO

por Coletivo de Comunicação MAM-BA

No dia 3 de junho a Rua da Paz, localizada no distrito da Juerana na Zona Norte de Ilhéus foi palco do lançamento do gibi “As aventuras de Cacau”, a história de um estudante de uma escola estadual que inicia uma pesquisa sobre os impactos causados pelas obras do Porto Sul.

A atividade marcou o início da Feirinha Comunitária da Rua da Paz e da I Jornada pelo Meio Ambiente – comunidade unida, povo forte e natureza viva, que se propõe a apresentar a história de Cacau em escolas e comunidades e debater sobre o tema dos grandes empreendimentos na região numa perspectiva que tem o povo como elemento central.

Saiba mais: Primeira feira comunitária da Rua da Paz.

O empreendimento Porto Sul faz parte de um complexo logístico que envolve a construção da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), obra que tem um histórico de violações contra comunidades tradicionais e está associado ao Projeto Pedra de Ferro da Bahia Mineração (BAMIN) em Caetité, que também é conhecido por causar impactos às populações de pelo menos quatro cidades no Alto Sertão da Bahia. As obras do Porto Sul estão localizadas dentro de uma Área de Preservação Ambiental (APA) na Zona Norte de Ilhéus e tem causado o aterramento de nascentes, comprometido a produção agrícola das famílias do entorno e inviabilizado a pesca artesanal praticada historicamente por aquelas populações.

Ellen Vieira, uma das organizadoras da Jornada, conta que o lançamento do gibi na Rua da Paz, área diretamente afetada pelo porto, “é simbólico e intencional”. Ele “abre um espaço de escuta e reflexão sobre os impactos da chegada desse tipo de promessa de progresso” e almeja contribuir “para que a comunidade possa construir sua narrativa própria de entendimento desse processo.” Segundo a organizadora o principal ponto de diálogo da revista com a comunidade é que “a história contada na revistinha é baseada em personagens criados a partir de visitas, vivências, diálogos e relação dos movimentos na região com a população.” “Cacau e sua família são um retrato possível de pessoas reais”, arremata.

Agildo Rodrigues Marques, o Bila, morador da Rua da Paz. Foto: Helenna Castro/CPT

As Aventuras de Cacau convida os leitores para um debate sobre os problemas socioambientais decorrentes da construção do porto e do modo de atuação da BAMIN no estado da Bahia. Para Magno Oliveira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), o gibi ajuda a “compreender quais são os impactos do porto e como é possível superar essa ideia de desenvolvimento”, visto que “embora a obra [do porto] venha recheada desse discurso, pouco traz de desenvolvimento para as comunidades em seu entorno.” Segundo o agente pastoral, o questionamento “Porto Sul pra quem?” trazido no gibi coloca para o público “o desafio da organização popular para a construção de alternativas econômicas que fortaleçam o que o sul da Bahia tem de melhor: o seu povo.”

Camila Mudrek do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) afirma que a construção desta atividade dentro da feira comunitária “nasce da necessidade de fortalecer uma comunidade que tem uma tradição de muita solidariedade e comunhão. Com as chuvas de 2021, mais de 200 casas foram inundadas e os moradores da Vila Juerana se juntaram em mutirão para erguer os móveis, limpar as casas e caixas d’água, arrecadar e distribuir água, alimentos e roupas.” Segundo a militante do MAM, a maioria das feirantes “são mulheres, vindas de famílias de pescadores e marisqueiras que tiveram seu meio de vida ameaçado por grandes empreendimentos na região, e que hoje sobrevivem da venda de acarajé, bolos, salgados, caldos, mudas de plantas e artesanatos.”

Agildo Rodrigues Marques, o Bila, morador da Rua da Paz há 15 anos, afirma que a realização da feira comunitária “foi muito importante para a comunidade” que já visualiza a continuidade do evento como forma de fortalecer os laços de solidariedade no território.

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Mesa do Fórum de Luta por Terra, Trabalho e Cidadania na Feira da Rua da Paz. Foto: Helenna Castro/CPT
Quinho Ferreira, ilustrador do gibi “As aventuras de Cacau” participou com pintura em muro durante o evento. Foto: Mateus Britto/MAM
Feira Comunitária da Rua da Paz. Foto: Helenna Castro/CPT

A organização e a produção de As Aventuras de Cacau são o fruto de uma parceria entre o Sul da Bahia Viva, o Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT), com apoio do Instituto Floresta Viva. A Pesquisa e o roteiro do gibi são de Luana Rocha e Victor Uchôa e as ilustrações são de Quinho Fonseca.

Você pode baixar o quadrinho aqui.

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